Hoje eu acordei menina

Hoje eu acordei menina

Hoje eu acordei menina!

Com todos aqueles dogmas e paradigmas que aprendi ainda na escola sobre ser feminina e sempre e sempre repetiram pra mim.

Sobre um “cistema” que divide tudo sempre em dois cantinhos bem extremos e dicotômicos . Frio e quente. Claro e escuro. Forte e fraco. Passado e futuro - esquecendo sempre do presente - quase atômico, prestes a me implodir. De tão distantes pensar que existe um meio no caminho me deixava atônita por parecer tudo tão óbvio pra mim.

Hoje eu acordei menina!

Cercada de todos os meus adornos arrumei-me e enfeitei-me - singela - para encarar o dia -tão bela - não a rotina - que no fundo escondi atrás das cortinas pra não perceber vivê-la todo dia - sem nunca decretar um fim a essa agonia que habita em mim.

Hoje eu acordei menina!

Perfeita. Existencialmente meiga.

Pude sentir com calma, e ver que do lado de fora isso seria uma nova jornada psicológica pra mim - Por dentro a alma já sabia e sentia - era menina, sim!

Vi pessoas mascarando problemas  em vão e ganhando troféus enquanto quem escrevia poemas precisava fazer o milagre do pão pra não ir mais cedo pro céu.

E ainda assim… Hoje eu acordei menina!

Eu me permiti permear as camadas profundas e profanas, conhecer as dores moribundas e mundanas, viver os amores e estudar todas as cores que pintavam pra mim.

Me vi sozinha quando a voz -veloz- me atravessara e indagara as dúvidas que começaram a surgir.

Eu fui silenciada e apagada até não poder estar mais aqui.

Fui apoiada a esquecer. 

Pediram pra eu não repetir.

Eu deveria entender e acolher e sentir.

Não era bem-vinda a pensar, discordar e tampouco a discutir.

Hoje eu fui dormir menino.

Magoado por ter de matar o melhor do feminino que havia existido em mim. Sem um destino - apenas deixado-o sumir dali.

Sigo sentindo por dentro, um duplo-gênero tão completo pra mim! 

Mas por não caber, ora eu finjo nem saber que ele está ali para conseguir seguir e assim poder fluir esse oceano de sonhos que deságua em mim.

Mas em silêncio, fico remoendo lá dentro, quase me convencendo -sozinha- que hoje eu acordei menina, sim! Transbordando em lágrimas o que não me deixam proferir!

E não há nada de errado aqui.

Eu já me revirei inteiro a procura do erro que vocês dizem existir!

Ela também sou eu.

Ela também está aqui!

Eu a sinto!

Eu a vejo!

A Celebro e a aceito!

Ser menina também é parte de mim!

Amanhã será outro dia! Acordarei de novo Menina - ou Menino!

Não importa mais. 

No fim, tanto faz!

Serei sempre eu e mim. Eu e minha menina.

Sozinha, mas feliz.



(RASCUNHO)

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Simplismenet um SER NORMAL, diferente do comum e mais ESPECIAL do que você possa imaginar! Corpo de HOMEM, jeitinho de moleque, amando sempre, tentando sempre... aprendendo cada vez mais a dar valor a VIDA! Ser feliz é o que me importa agora... se quizer vires comigo, seja bem-vindo... traremos felicidade um ao outro! Guï

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Uma boa leitura, um momento de frescura pra uma vida dura.

Meu.

É meu, para mim! Quando escrevo, escrevo de mim para eu mesmo, expondo as vontades e dores que tenho na minha individualidade, sem necessidade de explanação, só como uma forma de retirá-los de dentro de mim, sem ter de esquecê-los no tempo. Guardo aqui, os momentos que chorei e sofri, e até os que sorri, para se precisar, lembrar. Principalmente, lembrar o porque de eu não querer mais, sequer, lembrar.

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