Processo: Mim mesmo

 Deste processo eu levo só as cicatrizes e memórias já tão poucas.

Deixei pra trás as coisas que marcaram nessa história de crise - tão louca.

Deixei as drogas que entorpeceram. 

Os amigos que não eram inteiros.

Os momentos que não me acolheram.

Perdi um monte de pedaço de mim - no vão que se abriu entre mim e o eu mesmo.

Deixei rastros pra quem sabe assim eu pudesse voltar pra mim caso sentisse mais medo.

Mas preferi seguir - sem usá-los - com as poucas partes que hoje fazem se-lo esse alguém que eu acho que conheço e sinto em mim.

Cheguei ao ponto de não conseguir mais confiar nem em quem eu via no espelho por saber o mal que eu fazia para mim mesmo naquele caminho sem sossego que parecia não ter fim.

Eu era ninho - e de repente fui abismo pra mim mesmo.

Espinho que rasgava meu próprio peito.

Acolhia o que não cabia e me machucava inteiro.

Perdi-me de mim e aprendi a dizer sim a esmo.

Sim.

Fim.

Sem mim.

Era eu mesmo?

Não tenho saudade de nada que vivi ali.

Foi tanta solidão calada, pedidos sufocados de ajuda - ignorada - que eu não ouvi.

Eu não me ouvi pedir.

Eu não pedi?

Sofri.

Sangrei sozinho.

Senti.

Hoje eu sei.

Me enganava sobre o que eu vivia e fingia que estava tudo bem.

De tanto mentir - pra mim - já não sabia pedir ajuda a ninguém.

O propósito era tão fálico e falho.

Que perdeu-se até o tesão em se sentir.

Antes era pelo gozo - pelo menos.

Mas já não haviam mais moços que me fizesse sorrir.

Não tinham espaços - nem pequenos.

Não cabia.

Nada supria.

Nem satisfazia.

O que eu vivia ali.

Esvaziei-me até que no espaço ecoasse a pequena voz do alguém que tinha sobrado aqui.

Como um caroço.

Tosco.

Brotando de novo dentro de mim.

Folhas pequenas tão verdes como os próprios olhos que sempre foram meu melhor portfólio mostrando interesse e que eu havia sobrevivido à mim!

Eis-me aqui.

Já não inteiro, mas novo, de novo, sorrindo e seguindo ciente de que a única certeza existente - hoje - é que eu não volto ali!

Não havia paz.

Não quero mais ter que sentir assim.

Sou planta nova, que ainda não sabe pra onde seus galhos irão seguir.

Mas eu vou, assim que descobrir.

Serei flores, viverei novos amores, e só hei de ecoar o que me fizer sorrir - o que fizer sentido sentir!





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Simplismenet um SER NORMAL, diferente do comum e mais ESPECIAL do que você possa imaginar! Corpo de HOMEM, jeitinho de moleque, amando sempre, tentando sempre... aprendendo cada vez mais a dar valor a VIDA! Ser feliz é o que me importa agora... se quizer vires comigo, seja bem-vindo... traremos felicidade um ao outro! Guï

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Uma boa leitura, um momento de frescura pra uma vida dura.

Meu.

É meu, para mim! Quando escrevo, escrevo de mim para eu mesmo, expondo as vontades e dores que tenho na minha individualidade, sem necessidade de explanação, só como uma forma de retirá-los de dentro de mim, sem ter de esquecê-los no tempo. Guardo aqui, os momentos que chorei e sofri, e até os que sorri, para se precisar, lembrar. Principalmente, lembrar o porque de eu não querer mais, sequer, lembrar.

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